terça-feira, 20 de setembro de 2011

Renascer

Os murmúrios entre as vizinhas começam. Os ventos surgem frios e agrestes, desnudando as comadres. Caem-se-lhes as vestes, envelhecem-lhes as cores, transtornam-se sentimentos, terminam ilusões, recheia-se as lareiras e fecham-se os portões. O Sol torna-se tímido e as nuvens ganham coragem. As vizinhas árvores encostam-se umas às outras, preparando-se para o Outono.

Uvas maduras prontas a colher para se transformarem no vinho que aquecerá as almas durante o Inverno. Figos suculentos caem de fartos que estão de permanecerem dependentes. Castanhas ainda meio envergonhadas começam a surgir no calor do Magusto. As andorinhas procuram novos lares, assim como os patos. Ursos hibernam. Esquilos e texugos comem milho e bolotas e as abelhas arrumam as colmeias.

Está na hora de agasalhar. E apreciar as belas paisagens, bebericando um delicioso vinho. Ler um bom livro, fazer um piquenique pelo final do dia… Aproveitar o que de bom a vida tem, junto dos mais queridos. O Outono propicia momentos alegres e belos. É a despedida da azáfama do Verão, o regresso do sossego, o conforto do lar, no quentinho do seio familiar. É tempo de segurar o que se tem, e de não desperdiçar a vida com futilidades. São tempos apertados estes, e as pequenas coisas tornam-se essenciais.

Não é por cair uma folha que morre uma árvore. Antes pelo contrário. É um renascer.